terça-feira, setembro 19, 2006

you wanted the best, you got the best

Se Eric Hobsbawn escrever sobre a época atual, creio que a irá batizar de Era dos Excessos. Guerras arbitrárias, presidentes com mania de grandeza, cleptomaníacos e consumo desenfreado.

Agora com a digitalização de praticamente tudo tenho a impressão de que o grau consumismo retornou aos anos 80, quando as versões para consumidor de tudo que é tipo de produto começaram a surgir.

Mas não basta consumir, temos que ter o maior carro; o melhor mp3 player; a melhor comida; o DVD com mais extras; a melhor câmera digital. Posso estar enganado, mas há cerca de 10 anos o único produto em que nos preocupávamos (e mesmo assim nem tanto) em manter atualizado e no topo era o computador. Agora está em tudo, até quadrinhos são afetados por versões maiores e "edições especiais".

Mas será que dá? Temos tempo de fazer tudo isso? Claro que um dos recursos laudeado em muitos produtos é a velocidade. Mas como bem observado em um comentarista do History Channel, quando gastamos menos tempo em uma tarefa temos o hábito de realizá-la mais vezes. Como vamos andar no nosso carro gigante enquanto tiramos fotos, ouvimos música, lavamos roupa, acessamos a internet e vemos os extras da edição super-ultra-colecionador-especial do Senhor dos Anéis?

Não sou um daqueles que acha que devemos retornar aos tempos de fogão à lenha e ferro de passar à carvão. Adoro tecnologia e novidades no ramo multimídia e do entretenimento. Mas também acho que as pessoas não estão preparadas para essa gama de opções.

É preciso entender qual é o produto certo para você antes de comprá-lo. Acho muito esquisito você gastar os tubos em um jipe muito louco pra depois aprender a andar em trilhas. Isso é colocar o carro na frente dos bois. Claro que você pode se quiser, mas será que vai conseguir? Você então compra o tal jipe, sai andando, vê que o treco é duro demais, ou tem opções demais, não sabe o que é torque, reduzida, diferencial, eixo cardã ou o raio que o parta. Então não consegue operar a porcaria do jipe direito, cujo manual você não leu porque nunca lê manuais, e acaba odiando o jipe e nunca mais coloca o pé na lama. Você aprendeu? Bom, se você vender o jipe para comprar uma moto em seguida eu acho que não aprendeu porcaria nenhuma.

É assim que as coisas funcionam hoje em dia, gasta-se primeiro e quem sabe, depois, quando tiver tempo, aproveita.

Cometo erros assim, mas até hoje em escala reduzida. Quem sabe com o tempo aprendo a não cometê-los mais.

2 comentários:

Mi, de Camila disse...

Não acho que foi boa a comparação.

Um carro você só conhece de verdade dirigindo... Dirigir você só aprende de verdade dirigindo...

Anónimo disse...

Pois é, Fernando, parece que todo se transformou em um tipo de Veruca Salt.