segunda-feira, novembro 22, 2004

pérolas

pérolas

Eu fico impressionado com a pacidade de algumas pessoas de falar asneira. Asneira da mais pura, não destilada. Algo interessante é que algumas delas, pegam a ponta de fio de um assunto, tomam-o para si, piram na batatinha e acham estar falando das coisas mais sábias do mundo.

E acabo de me deparar com exemplos fantásticos concentrados em uma só pessoa, em uma só entrevista. Irei colar abaixo uma seleção maravilhosa para o deleite dos meus poucos leitores:

Fiz balé clássico até os 19 anos e ioga por mais dezessete. Sempre me preocupei mais com o corpo do que com o espírito. Agora, quero encontrar o caminho da verdade. Comecei a fazer aikidô. Um sensei me dá aula particular. Ele tem uma energia fortíssima. Para você ter uma idéia, o sensei arremessa os alunos faixa preta ao chão com seus golpes. Depois, estende o braço e lhes mostra a palma da mão. Os alunos ficam congelados no lugar onde caíram só pela energia que sai da sua mão. É igual ao filme O Último Samurai. Aprendi coisas incríveis com o aikidô.

Veja – Que coisas?
Yara – A dar cambalhota, por exemplo. É mais ou menos a representação da vida. Nascemos com a possibilidade de fazer uma infinidade de coisas, mas, com o tempo, criamos arestas. O aikidô nos ajuda a aparar essas arestas e ficar mais redondos. Veja bem: redondo no contexto energético. Fisicamente, é o contrário. Aikidô emagrece e afina a cintura.

Veja – O que mais o aikidô lhe ensinou?
Yara – Aguçou meu feeling. Tenho boa intuição, mas só dei atenção a ela depois de uma experiência aterrorizante no aeroporto em Paris. Senti um frio na barriga na hora em que peguei na esteira de bagagem uma maleta Louis Vuitton, que tinha umas bobeirinhas dentro, como meu passaporte – o brasileiro, porque o italiano estava na bolsa –, um reloginho Cartier, uma maquininha digital e uns creminhos. Não dei bola para essa sensação e fui para o carro que me esperava no terminal. Você acredita que roubaram a maleta? O aikidô me fez enxergar minha parte de culpa nisso. Pressenti que iam levar a maleta e não fiz nada.


Percebam como ao mesmo tempo que desfere asneiras de pedigree, é possivel perceber a absoluta futilidade e falta de noção da realidade mundial impressas nessa mulher.

Essas declarações ridículas diminuem o Aikido à uma crendice qualquer do novo milênio. Eu pratico e não tem nada de ficar segurando os outros com a palma da mão. Com ela você empurra depois de dar uns belos chacoalhões no sujeito. E acrescento: Eu também jogo faixas-pretas longe, inclusive o Sensei. Isso não é para me gabar. Isso é o Aikido. Não existem melhores ou piores, vencedores ou perdedores. Você se supera e assim supera os obstáculos que aparecem. Não tem nada a ver com pressentir roubos de bolsas de dondoca.

Mas ela não termina no Aikido. Ela se aventura por outros terrenos da experiência humana, que tornam-a uma figura ainda mais imbecil:

Veja – Que mulheres a senhora mais admira?
Yara – Uma é a Marilyn Monroe. Ela adorava o glamour. Também me identifico com Diane de Poitiers e Aspásia. Diane viveu no século XVI e ampliou a cultura na França. Sua família tinha títulos de nobreza, como a minha. Aos 60 anos todo mundo lhe dava 30. Além disso, protegia pintores e divulgava encontros culturais. Já Aspásia foi a professora de Sócrates.


Marilyn Monroe era uma porta de tão burra. Era a típica Bimbo, não há mais nada a dizer. Notem como ela achou importante destacar os títulos de nobreza que possui. E sua humildade parece infinita, ao comparar-se com a professora de Sócrates.

Veja – A senhora é religiosa?
Yara – Fui católica até os 14 anos. Um dia, quando estava me confessando, o padre me deu uma bronca porque não havia ido à missa. Na hora, tive certeza de que o catolicismo não era o meu caminho. Quem era aquele homem para me criticar? Passei a acreditar na natureza. Creio nas árvores, nos bichos e na água. O canto do passarinho é a representação pura da energia que existe no cosmo. Daí o meu cuidado com o meio ambiente. Só uso spray de cabelo que não prejudica a camada de ozônio. Ando tendo muitas preocupações com o mundo.


HAHAHAHAHAHAHAHAHAH.
Logo nota-se que ela é uma pessoa muito engajada com os problemas do planeta, afinal, o spray sem CFC para o cabelo dela balanceia bem a gasolina que o carro de 300 cavalos que ela anda queima. Isso sem mencionar as fábricas que ela e o maridão possuem.

A propósito, eu atambém acredito em água e em bichinhos. Acho que eles com certeza existem.


Veja – Quais?
Yara – A maior é com a água. Se não economizarmos, vai faltar no próximo século. Também estou apreensiva com o tempo. Li que o dia passou a ter só dezesseis horas, segundo a física quântica. É incrível como não conseguimos mais cumprir com nossos compromissos...

Veja – Como a senhora definiria a física quântica?Yara – Não sei explicar direito, mas posso dar um exemplo. Quando vou contratar alguém, além de avaliar seu currículo, procuro sentir sua energia. Se é boa, houve um encontro dos nossos campos energéticos, entendeu?


Eu realmente acredito que ela deveria presidir o próximo encontro internacional de física quântica e que Stephen Hawking deveria ceder sua cadeira e rastejar no chão em humildade por partilhar o mundo com uma mente tão brilhante no campo.

Isso foi só um gostinho. Quem quiser na íntegra, entre aqui. Tem muitos outros momentos fantásticos.

Esse tipo de merda me faz pensar em como o mundo é injusto. Não só o poder e o dinheiro está concentrado na mão de poucos, mas desses poucos, tantos são completos imbecis.

2 comentários:

|3run0 disse...

Periodicamente a Veja entrevista uma destas dondocas; me lebro da Carmem Mayrick Veiga e da Vera Loyola. É uma maneira de misturar comedia com critica social. Mas esta Yara é para as dondocas o que o Ed Wood foi para o cinema...

mrcsh disse...

Quer dizer que a Yara está querendo zoar intencionalmente mas as pessoas não entendem?? =OOO

Ahhh, ler essas entrevistas dá uma revolta...
Aí quando eu falo no confisco dos bens excedentes dessas pessoas pelo Estado, dizem que sou isso e aquilo!
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