sexta-feira, julho 20, 2007

aula de cinema 2: como fazer um filme de ação - transformers

Há muito imagino para mim mesmo que filmes, quadrinhos e livros dariam bons filmes. Mas uma franquia que jamais tinha fantasiado sobre é Transformers. Nunca parei para pensar no assunto, mas imagino que seja devido à complexidade de convencer em live-action com uma história a respeito de robôs extra-terrestres que se transormam em carros.

Agora dê um passo para trás e imagine esses três elementos:
- Extra-terrestres
- Robôs
- Carros

Existe algo mais legal do que um carro que vira um robô?!!!!
Claro que não! Por isso fazer um filme sobre os transformers é absolutamente genial. Mas a responsabilidade que mencionei acima permanece.

Pois quando o filme foi anunciado irei registrar aqui que achei a escolha de Michael Bay corretíssima, pra não dizer excelente. As pessoas me olham tortoa quando falo qualquer coisa boa a respeito desse sujeito, e irei me explicar: Os filmes dos Bad Boys são divertidos; acho "A Rocha" um ótimo filme de ação e "A Ilha" é um guilty pleasure total (pelas seqüências de ação, o visual futurista e a Scarlett Johansson - totalmente compreensível, vai).

Querendo ou não o cara sabe criar ótimas seqûências de ação com um toque de bom humor inocente e algumas referências à cultura pop. O que falta nele é: Ser comedido, ser modesto, tato dramático e construir tramas inteligentes. E esses defeitos ficam claros em seus filmes mais ambiciosos (incluindo "A Ilha" ;).

É aí que entra Steven Spielberg, um ótimo produtor - que em algum grau concorda comigo, pois ele escolheu Michael Bay. Afinal, para que diabos precisamos ser comedidos quando estamos falando de Robôs que se transformam em carros?!

Assim combinamos a máquina que é Bay, com toda sua frieza, e o coração mole de Spielberg para um filme sensacional, de ação non-stop e muito bom-humor.

A partir do momento em que você convence sua platéia de que um carro pode se transformar em um robô inteligente e com emoções, nada mais é proibido. Acho que o último filme que aguardei com tamanha expectativa e fui correspondido foi "A Sociedade do Anel". Transformers me transformou em um adolescente novamente, como o personagem principal; um nerd louco para arrumar um carro e assim conseguir a garota.

E a novidade fica por conta dos humanos, já que a história do filme não tem segredo algum e deve ter sido decidida em uma reunião de 15 minutos. O pitaco de Bay fica claro no lado militar da coisa, cheio dos jargões, protocolos e testosterona exacerbada; e o de Spielberg também, com o garoto empolgado e ao mesmo tempo petrificado ao descobrir que seu primeiro carro é um Transformer.

Há um ritmo bom, e em termos de narrativa a primeira seqüência do filme foi uma decisão muito inteligente (mesmo que com uma veia marketeira). Temos diversas referências á detalhes que só os fãs irão captar, bem como à outros aspectos da cultura pop. Há sim escorregões em alguns momentos, como cenas que duram demais e outras que faltaram (meu amigo sugeriu uma excelente que não podia mesmo faltar) mas nada comprometedor. Nem vou falar dos efeitos pois seria covardia, por isso preste atenção nos efeitos sonoros, que são excelentes. Confesso que não prestei muita atenção na trilha sonora, mas a música durante os créditos é um lixo.

Um detalhe interessante de Transformers é que seu poster não leva o nome de nenhum ator, você ira assistir aos Transformers. Para aqueles que se importam com isso, como eu, há vários rostos e nomes para reconhecer; para os fãs há várias referências às séries de desenho; e para os que querem algo mais, tem humor na dose certa e muita simpatia tanto dos humanos quanto dos Autobots.

De qualquer maneira, basta prestar atenção no carinha correndo com a câmera que diz: "Nossa, muito mais legal que Armageddon" - Pode repitir isso vezes mil. Mesmo sendo estruturalmente simples, é um prazer inocente assistir ao filme, Transformers é "more then meets the eye".

4 comentários:

mrcsh disse...

Nossa, eu já achei algo totalmente diferente. Os personagens humanos são um saco e afundam o filme. Não conseguia prestar atenção com eles na tela.
O ritmo passa longe, tem uma hora sobrando nesse filme, fácil.
Só vale pelas cenas dos Transformers. Só.

fmafra disse...

Bah, eu gostei.

A ironia é que as cenas dos transformers são a parte do Michael Bay. As cenas das pessoas, em especial do Shia LeBouf, são do Spielberg. :P

mrcsh disse...

Mas eu nunca disse que o Michael Bay não é bom pra dirigir cenas de ação.

Só que eu concordo com o seu comentário apenas em parte. Isso pode ser influência do Spielberg, mas ele não dirigiu essas partes. É algo que o Spielberg colocaria, mas feito pelo Bay. E esse é o problema, na verade.

fmafra disse...

Ah sim. Eu quis dizer que foi influência Spielberguiana, não que ele tinha realmente feito (e de fato a história do menino foi uma idéia dele).

Um pedaço que eu achei bastante sacal foi dos robôs se escondendo dos pais. Se tivesse durado um quarto do tempo seria divertido, foi piada esticada muito além do necessário.

Mas mesmo assim, eu gostei. Me senti adolescente de novo, acho que talvez você esteja levando esse filme a sério demais. Pra mim é uma comédia de ação, e das mais legais.