segunda-feira, agosto 09, 2004

vintage violence

vintage violence

Finalmente me caiu a ficha quanto ao real lado de negativo de algo se popularizar. Antes pra mim era apenas birra, coisa de gente que não suporta ver os outros fazendo aquilo o qual se acha o descobridor. Fora esse tipo chato; existe o verdadeiro problema da literal banalização. Um termo, um esporte, um jogo, qualquer coisa, é praticado por um sem número de pessoas que não fazem a menor idéia do que aquilo realmente é e por fim, a característica original é perdida. A massa é mesmo burra, tenho que admitir.

Bem, falo disso por conta de dois termos que já cansei de ver na internet nos ulitmos tempos: Vintage e Pin-Up.

Vamos lá, vintage é uma palavra inglesa. No dicionário Oxford Compact o significado da palavra mais tem a ver com vinhos e uvas do que com jaquetas transadas. O ítem do significado listado lá mais parecido com o que imaginamos é:

"of high quality, esp. from the past or characteristic of the best period of a person's work"

Traduzindo e adaptando: "De alta qualidade, especialmente do passado ou característica do melhor período do trabalho de uma pessoa."

Agora que parei para traduzir, me parece bastante preciso com relação à utilização que vemos em tantos filmes e séries de TV. Lembro-me que comecei a usar esse termo com Nisfer, meu companheiro de falar besteiras em qualquer língua. E mais a mais fui brincando de detectar o que seria ou não vintage.

Infelizmente, graças a um fotolog, o termo foi pro beleléu aqui no Brasil. As pessoas colocam fotos de discos da Xuxa, um screen capture dos transformes ou do changeman e por aí vai. Transformaram vintage em sinônimo de infância, ou pior, da já passada modinha "anos 80 vamos relembrar". E vou dizer aqui e agora: Vintage não é nada disso, porra! Façam o favor de observar as origens das palavras, bando de ignorantes! É complicadinho detectar o que é vintage, eu não sou um especialista, afinal não sou dono de antiquário nem de brechó (que em termos de Vintage não quer dizer muito também). Mas elaborei uma simples listinha para detectar a vintagedade de um objeto:

1 - Tem que ser um objeto! - Um seriado de TV, uma pessoa ou um filme não podem ser vintage. Uma fita do tal seriado, talvez, se a embalagem for interessante. Portanto a Vera Fischer, ou uma fita de De Volta Para o Futuro gravada de uma sessão da tarde quando você tinha 8 anos nunca será vintage. É velharia mesmo, jogue fora ou grave um pornô por cima, crie vergonha na cara e compre um DVD.

2 - Tem que ser usado! - Nada novo jamais será vintage. Digo, será no futuro.

2.a - Usado por outra pessoa! - Isso não é obrigatório (naturalmente estou falando de pessoas mais velhas, também). Algo que era seu desde sempre pode se tornar vintage com o tempo, mas dependendo do ítem pode demorar, e se você é um jovem antenadinho não vai poder esperar. Portanto, largue a mão de ser fresco e procure sim no armário do seu pai e da sua mãe. Pode ser uma mina de ouro!

3 - 20 anos no mínimo. - Se você tem belos 16 anos e acha que aquele seu chocalho é vintage, esqueça! Mas fique atento, isso não se aplica a todos os objetos, tem muita tralha de 20 anos que você ainda tem que guardar mais um tempinho até seus amigos quererem te dar dinheiro por ela.

3.a - Tem que ser relativamente raro! - Não pode estar mais em produção. Portanto, uma embalagem de dadinho não é vintage, já que até hoje ela está sendo produzida em escala industrial. Um pogobol pode vir a ser vintage (embora ainda não o considere) já que não vemos mais com tanta facilidade por aí.

4 - Tem que estar em estado de uso! - Claro. Ninguém quer nada quebrado. Se estiver estragado, conserte, coisas quebradas não são vintage; são no máximo peças decorativas, e dependendo do que for, de péssimo gosto. Mais um motivo pelo qual a Vera Fischer não é vintage, ê bagulho!

5 - Tem que ter naipe! - Uma jaqueta do Nelson Ned também jamais será vintage. É tosco e só serve de piada.

6 - Estado original e bem conservado! - É o que se chama de "mint condition" em inglês. Pode ter alguns sinais de uso, como um couro mais batido, mas nada bizarro. Portanto, se você acha muito massa colocar insul-film e vidros elétricos na sua variant pode esquecer. Fusca tunado é Hot Rod de pobre.

E acho que está bom, né? Se o ítem preencher esses requisitos, pode falar que é vintage. Não tenho muitas coisas vintage, eu oficialmente contabilizo uma vitrolinha portátil, duas latas de biscoito e uma jaqueta da goodyear muito style.

Mas acho que com o ralo público deste blog, minha lista não irá alcançar muitas mentes, só a dos meus amigos mesmo que já meio que sabem disso tudo, senão não seriam meus amigos (se você é meu amigo e achava que o Fofão era vintage, por favor não me fale!). Então, por via das dúvidas, vou usar outro termo para substituir vintage, um termo que está na raiz do vintage, de acordo com o mesmo dicionário Oxford, a palavra do franc6es antigo: vendage.

Quanto ao pin-up, quem sabe em outro post...

2 comentários:

mrcsh disse...

Esqueceu de enumerar:
5) Tem que ter naipe!!!!!!

Tarkun disse...

Outro dia eu vi um Fusca e lembrei de vc...e agora que vc falou de Vintage...um Fusca verde 69 por uns R$5500, novinho, pelo menos por fora...só num é tão raro assim.