Ontem, conversando sobre música, o papo acabou seguindo uma vertente meio gay, onde Britney Spears, Kylie Minogue e Justin Timberlake foram mencionados (e eu gritei AC/DC para me salvar). Invariavelmente caimos em Madonna, e declarei que não gosto.
Especialmente agora, mãe de dois, casada e já coroa. Ela insiste em ficar fazendo declarações e performances sensacionalistas, dignas de uma adolescente revoltada. Como esse lance da cruz espelhada que coloquei aí em cima. Me pergunto qual o nível de ridículo que uma pessoa dessa tem? Alguém que sai pulando de religião em religião tem a pachorra de ficar humilhando a religião dos outros. Se continuar assim ela vai acabar virando uma caricatura de si mesma (se já não virou) e ficar uma mala sem alça no melhor estilo Dercy Gonçalves.
Mas não é bem sobre isso que quero falar. Todos sabem (ou deveriam saber) que sou uma pessoa secular, e acredito que nossa sociedade como um todo deve ser regida por princípios seculares. Nada de falsas moralidades baseadas em mitologias. Não que mitologia não me interesse, sendo um amante de fantasia e ficção-científica, acredito que esse interesse esteja subentendido.
Entretanto, várias pessoas à minha volta, por seus próprios motivos, seguem vidas nada seculares, e escolheram suas próprias religiões para seguir. Minha avó reza para mim todos os anos, e faz questão de me dizer isso em meus aniversários. Imagino que se eu fosse Madonna acharia isso um absurdo e ficaria puto. Pelo contrário, fico muito feliz.
Não que eu acredite em sua reza. Mas essa é a maneira dela me oferecer algo, e tomar uma atitude real quanto ao meu bem estar. O efeito disso é irrelevante. O que importa é o ato em si, que demonstra compaixão e preocupação. Se ela acredita que está me fazendo bem, sem hipocrisia, e não estou sendo perturbado em qualquer esfera, do que eu tenho que reclamar?
Nesses tempos recentes, confesso que tenho sentido falta da fé em algo maior simplesmente para ter um poder mágico ao qual recorrer e pedir coisas. Não que minha vida esteja uma merda, pelo contrário, está bem movimentada e divertida, mas com o movimento vem decisões e turbulências, que as vezes são difíceis de lidar.
Então, como sempre, recorro aos meus amigos. Conto as fofocas e choro as pitangas. E ontem especificamente, pedi a um deles para rezar por mim. Pois eu não poderia fazer isso, não acreditando, seria uma mentira. Já ele, acreditando, faria alguma diferença. Talvez meu ponto esteja confuso. Não estou tentando avaliar quem está certo ou errado na questão religiosa. Mas em termos de fé, no caso dele estar certo, seus esforços serão sinceros e puros, gerando assim algo de positivo. No caso dele estar errado, ninguém sairá perdendo: ele desejará o bem ao próximo e eu me sentirei querido. De qualquer maneira, na pior das hipóteses, uma conexão humana será estabelecida.