sidecar
Vou contar um pouco sobre como as coisas estão indo. Pra começo de conversa, Moeda é um lugar agitadíssimo, ao menos arqueologicamente. Eu não tenho base de comparação, sequer perguntei pro Alastair e o André se eles partilhavam da minha impressão, mas o lugar é cheio de sítio pra todo lado, não teve um dia em que não encontrássemos ao menos quatro estruturas ou ocorrências relevantes.
Bom, o trabalho é puxado, tem que andar bastante carregando bastante coisa. E sempre tem bastante coisa pra registrar, tudo é bastante.
Agora o trabalho meio que se sistematizou e nos dividimos em duas equipes principais: De prospecção (que percorre faixas selecionadas em um mapa da região a ser prospectada, não dá pra andar literalmente tudo, só as faixas já tá difícil) e de registro (que após a equipe de prospecção ter percorrido uma faixa e achado coisas relevantes, vai lá e registra em fichas e fotografias).
Na verdade a equipe de registro é simplesmente eu e outra pessoa, é só isso que precisa de fato. Por enquanto a outra pessoa foi só a Janine, mas acho que vai rolar um rodízio. O que ao meu ver será ótimo, assim a pessoa que percorreu a faixa hoje, e sabe onde estão os achados, vai comigo amanhã no ponto exato pra registrarmos.
O ideal seria ter mais um GPS (temos 2, os dois na equipe de prospecção) e uma moto potente, tipo bmw, com sidecar, tudo isso só pra equipe de registro.
No geral eu estou gostando do serviço. Acho que já tenho um entendimento bem claro de como as coisas devem ser feitas e tudo o mais. Mas eu estou cheio de picadas e carrapato e formiga, tanto que até fui no dermatologista.
Repetidas vezes o André me perguntou se eu estou gostando do trabalho. E realmente estou. Mas nesse último fim de semana ele perguntou se eu preferia estar em um escritório. Na verdade eu não sei, gosto também da vida de escritório, desde que seja um lugar que preste. Sou um cara bem urbano afinal.
A grande verdade é que sempre estou indeciso. Gosto também das coisas que rolam no mato, eu só não gosto de situações extremas. E gosto de um ambiente agradável de trabalho, nada de gente fazendo intriginha ou querendo mostrar serviço à toa.
Rolam sim momentos de stress, mas pra que vou ficar fritando neles aqui. Eu acho que é um trabalho nobre com um objetivo louvável, e estou fazendo o que posso para contribuir. Ao mesmo tempo também rola camaradagem, muitas besteiras e muitas risadas. Tem um esforço coletivo entre todos para se darem bem sem parecer forçado, sem deixarmos de sermos nós mesmos.
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