campo minado
Bom, irei aqui caminhar em campo minado. Vou me aproximar do blog do Bruno e falar um pouco sobre o Oriente Médio. O assunto é complexo, tenho olhado para ele com mais atenção recentemente e possivelmente falarei um monte de merda.
Acabo de retornar de uma seção do filme Jogos do Poder, que trata da ajuda secreta dada pelos EUA aos afegãos durante os anos 80 para expulsarem os soviéticos de lá. Era a Guerra Fria, os EUA ainda estavam com ressaca do Vietna e não estavam muito afim de ajudar. Eventualmente a ajuda chegou e a persistência dos Mujahideen combinada com as armas que receberam levou ao fim do conflito.
O filme é interessante, mas não é um feito cinematográfico. Demora para se tornar realmente interessante e não possui momentos de brilhantismo, fora que a mistura de imagens de arquivo dá um toque amador ao pacote. A história vale a pena ser vista, mas certamente podia receber um tratamento melhor.
Questões filosóficas sobre comunismo de lado, o fato é que a URSS estava ocupando e massacrando o povo do Afeganistão. O mérito de tirá-los de lá não cabe apenas ao EUA, mas também a uma coalizão que incluia surpreendentemente Egito, Arábia Saudita, Paquistão e (pasmem) Israel. Israel se juntar aos EUA pra quebrar o pau de algum vizinho não é novidade, mas junto com outros vizinhos, isso sim é surpreendente.
Quando esse tipo de conflito surge, me lembra os tempos da II guerra, quando parecia fazer sentido lutar. Alguém estava fazendo o que não devia, invadindo o país dos outros, outros países então tomavam a atitude de arrasar o quarteirão.
O problema é que estado-unidenses estúpidos enxergam esse tipo de intervenção bem-sucedida do passado como uma justificativa para qualquer intervenção subseqüente, incluindo a Guerra do Iraque e a palhaçada atual no Afeganistão.
O que os EUA não parecem compreender, sendo um país que nunca foi invadido (corrigam-me por favor) é que um povo invadido não vai ficar sentado sem fazer nada. Eles irão lutar com o que tiverem para expulsar seus invasores. E se tiverem ajuda, essa ajuda será bem-recebida. É por isso que a intervenção nos anos 80 deu certo. Os EUA não eram a força invasora, simples assim.
Agora, grupos extremistas (que já não gostavam muito dos EUA) enxergam a presença estado-unidense como uma ofensa (para dizer pouco) e é por isso que temos aquele samba do criolo doido na terra do ouro negro.
E o desfecho, que é mencionado no filme, é que depois de todo o trabalho, seja removendo os soviéticos ou Saddam, o lugar continua em frangalhos. E ao contrário do que aconteceu na II Guerra com a Alemanha e o Japão o esforço para reconstruir o país é ínfimo, mal-administrado ou simplesmente inexistente.
Assim o ganho real é nulo. As vidas perdidas e bilhões gastos são em troco de nada. Ao menos para o país ocupado...
Para mais sobre ocupações, valor de vidas e etcetera deixo vocês com George Galloway:
2 comentários:
"(...) o esforço para reconstruir o país é ínfimo, mal-administrado ou simplesmente inexistente."
Isso ficou bem demonstrado em uma das últimas cenas do filme, em que numa discussão pela liberação de verba para reconstruir escolas, um outro congressista simplesmente troca o nome do país e fica aquele clima de frustação no ar.
Todo o esforço em vão? Talvez não chega a tanto, mas que tudo poderia estar melhor hoje, com certeza.
Bem vindo ao clube ;-)
Os EUA foram invadidos pela última vez em 1812, quando os britânicos queimaram a Casa Branca (não estou contando o Pancho Villa).
Concordo com vc sobre a incapacidade dos Americanos de imaginarem o que se passa na cabeça dos Iraquianos e Afegãoes. Durante a guerra contra os soviéticos, eles em grande parte terceirizaram a escolha dos Mujs a apoiar para os Paquistaneses, que preferiram apoiar grupos islamistas, com medo de um nacionalismo ressurgente entre os Pashtuns (os psicóticos que são maioria no Afeghanistão e na região de fronteira do Paquistão).
O George Galloway, por outro lado, é um imbecil completo, estalinista frustrado e (após 1991) fã do Saddam Hussein, ou de qualquer outro tiranete que soe vagamente anti-americano.
E Renata, concordo com vc. É como levar um gol aos 49 do segundo tempo.
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