Erase/Rewind
Hoje recebi um email da Aline. Também conhecida como Piveta. Ela comentou ter acessado meu blog, e que achou legalzinho e tal, mas demonstrou a seguinte preocupação:"Vê se não deixa ele ficar monótono ou só falando do seu umbigo."
Pois bem, esse blog começou como uma tentativa realmente mais nobre de ser voltado mais para minha busca de fama. Mas aos poucos acabou se tornando algo mais comum mesmo.
Acho que a "nobreza" dele oscila com o tempo. Às vezes me sinto mais inspirado e solto aqui alguma coisa mais interessante que meu monótono dia a dia. Fazer esse blog algo absurdamente sencional nunca foi uma tentativa real. Não quero torná-lo algo absurdamente pedante, que exalte o quanto me acho foda, perturbado, complexo e original; como algumas coisas que vejo por aí vejo por aí. Eu não me acho assim, claro que tenho um grau de pedantismo; mas não me considero altamente perturbado e complexo, eu sou simplesmente genial e mais inteligente e excelente que qualquer outra pessoa no mundo! Oras.
Mas sei lá, a srta. Aline até que deu umas diquinhas boas, vou tentar segui-las. O blog é um mecanismo para tirar algum peso, soltar as idéias, metaforizar as frustrações (ohhh!), não estou tentando fazer literatura. Não sei bem o que estou tentando fazer. O blog parece ser mais uma ferramenta para reclamar da minha vida especificamente, enquanto temas de reclamação mais universal eu procuro deixar para o 6horas e meia]. mas essa linha não é algo que eu me obrigue à seguir.
Hoje fui assistir:
Com o Marcos, a Debbie e a Michelle. Foi bem legal, o filme realmente vale a pena, mas não posso realmente detalhar o porque de uma maneira universal sem entregar alguma coisa importante.
Mas o filme me fez pensar sobre algumas coisas a respeito de mim. Eu me identifiquei tanto com Charlie Kaufman como com Susan Orlean. Ela busca algo na vida para poder se apaixonar completamente, para se entregar. Eu tenho coisas das quais gosto, amo, sejam elas lugares, pessoas, histórias, livros, filmes, objetos; mas não sei exatamente até que ponto chegaria por cada uma delas. Já fui a o que alguns considerariam como extremos, mas eu honestamente não creio que sejam grandissíssimas coisas; eu sempre fiz aquilo com o que eu me sentia confortável no momento, posso até não ter o mesmo sentimento a respeito agora, mas foi legítimo quando fiz, acho que isso é o que conta. Podem ter sido escolhas erradas, mas foram escolhas, e agora vamos em frente. Eu não fico desesperadamente buscando algo para me apaixonar, essas coisas vêm e vão, e na verdade creio ser assim com todos. Mas é que no momento eu estou num estado de certa anestesia e apatia, alguns sentimentos se esvaíram, outros terminaram com um tapa na cara, e outros continuam por aí, mas não com a mesma intensidade, mas isso já aconteceu antes, logo surgirão outros empreendimentos.
Já com Charlie, ele se culpa por ser basicamente um bostão. E em muitos aspectos e em diversas vezes eu já me senti um bostão. Uma passagem do filme em que ele narra, me identifiquei totalmente, pois passei por exatamente o mesmo tipo de situação mais de uma vez:
"I should have gone in. I'm such a chicken. I should have kissed her. I should go knock on her door and just kiss her. It would be romantic. It would be something we'd tell our kids about someday. I'm going to do that right now.
[drives away] "
É melhor se arrepender de algo que fez do que de algo que não fez. Essa frasezinha besta eu raramente sou capaz de seguir. E por isso até me coloco em situações mais complicadas do que seu simplesmente tivesse seguido meus impulsos. Eu racionalizo demais minhas intenções e sentimentos, se eu pensasse menos, seria mais feliz, eu acho.
Donald é o oposto em diversos aspectos, e o que ele diz quando confrontado pelo irmão é algo que eu preciso pensar mais a respeito:
"We are what we love, not what loves us." - E o melhor dessa frase, no universo do filme, é que não é algo que ele leu em algum lugar e achou bonito. É uma decisão que ele tomou à um bom tempo. O problema agora, pra mim, é que essa frase é uma frase bonita que eu vi num filme...
Eu me considero adaptável, mas alguns aspectos são difíceis de mudar. Eu preciso saber identificar quais são todos eles para justamente me adequar melhor a cada situação e dificuldade que encontro. Eu dou vários tiros pra todo lado, quero fotografar, escrever, ser cineasta, ficar com "n" meninas legais que conheço, arrrumar uma grana, ser professor, trabalhar no meu ritmo e bla bla bla. mas parece que a adaptavilidade não está apenas na flexibilidade, mas também na habilidade de se concentrar; uma habilidade que desde que o ano começou, pareço ter perdido. Minha capacidade de concentração geralmente depende de um ponto de referência estabelecido por forças externas, preciso aprender a estabelecer meu próprio referencial.
Também estou com problemas com um roteiro que estou escrevendo. E não quero tomar a decisão sozinho, é algo relativamente simples, mas mesmo assim quero um ponto de vista de alguém mais "sabido" no assunto.
E comecei também a me adaptar. Comecei um livro, eu sei já a história inteira, ela é simples, é sobre mim, e certos eventos reais misturados com ficção. Nele não existem os mesmos problemas de Kaufman, mas, assim como ele, quero que seja bom e que as pessoas se interessem por ele.
Assim como quero que se interessem pelo meu blog. Afinal ele é uma manifestação bem pessoal de mim. Eu quero ser interessante, e tenho certeza de que sou, existem pessoas legais que gostam de mim, e isso parece ser um bom medidor. O blog sempre está sendo modificado, sempre está se adaptando, como eu, assim é a vida, existem sim mudanças, nem sempre as percebemos porque para nós são mais sutís. Como Rei diz no final de Evangelion: "O mundo está em constante mudança. Você muda cada vez que seu corpo perceb essas mudanças." acreditar que a vida é estática irá torná-lo estático. A mudança está aí.
Nem todo mundo por quem eu me interesso irá se interessar pelo meu blog ou por mim, isso é uma pena. Mas como Donald Kaufman disse:
Você é o que ama; não aquilo que o ama
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