terça-feira, março 23, 2004

dog on wheels

Depois de uns dois meses que eu estava morando em BH, meus pais compraram um cachorro pra família (mas creio que pensando mais em mim e na Elisa), um Yorkshire batizado de Scooby-Doo. Lembro que no começo ele teve uns problemas de saúde, tipo um intestino torcido e tudo mais, foi bem estressante, mas acabou se resolvendo sem grandes seqüelas.

Ele não era o típico York. Era maior que seus primos re raça, tinha as orelhas caídas e tinha o rabo. Mas pra compensar, era irritadiço e sempre era confundido com fêmea pq usava lacinho. Ele era pura diversão. Eu adorava brincar com ele, deixá-lo do meu lado quando tava no computador e tudo mais. Também gostava de ficar provocando o bicho com bichinhos de pelúcia e com um espelho da Branca de Neve que a Elisa tinha; ele fica emputecido, era muito engraçado. Lembro também que pra mantê-lo na área de serviço a gente usava uma barreira de garrafas de Coca-Cola, pq ele tinha medo delas (mas dependendo da situação, pulava a barreira)

Ele era daqueles cachorros de apartamento mesmo, que não se dava bem com outros cachorros. Lembro quando ele foi pra Fazenda, logo que desceu do carro todos os cachorros lá ficaram latindo pra ele, e ele se esparramou e grudou no chão de medo. Mais à noite eu estava com meu pai e meu avô conversando em um banco, com ele sentado embaixo; quando um dos cachorros da fazenda se aproximou ele rosnou insanamente. Depois ele foi pra praia em Juquehy e achamos um Siri andando pela casa, tentamos fazer um combate, mas não deu certo. Nas mesmas férias ele também foi na chácara do Tio Ricardo em Rib. Preto e lá rolou um duelo de titãs entre ele e o Porrinha, um pintcher que comandava os dois vira-latas do pedaço. O porrinha ficou sem um pedaço do nariz e o Scooby sem um pedaço da boca. Quem saiu vencedor ainda é assunto de discussão na família.

No dia da mudança para São Paulo, nunca o vi tão estressado. Ele ficava dentro da casinha e sempre que alguém encostava nela (o que acontecia direto) ele rosnava absurdamente. Pra piorar, o apartamento aqui é menor que o de BH era, e ele nunca se adaptou muito bem. Quando a Carol veio morar com a gente de novo, aí o espaço realmente estava ficando proibitivo, ele estava cada dia mais estressado. Foi então no Natal seguinte que o demos para os avós dos meus primos, Vó Nininha e Vô Tenente; a gente tinha levado o cachorro na viagem e os dois o amaram, como ele não tava mais muito feliz em nossa casa, minha mãe resolveu dar, no começo fui contra, mas com o tempo percebi que foi bom.

Desde então eu o visitei apenas duas ou três vezes, e ele me reconheceu e adorou que eu estava lá. Passei e brinquei com ele. Com certeza o visual dele melhorou, usava dois elásticos ao invés do lacinho, me lembrava o Qui-Gon Jinn do Star Wats. Na casa do Vô e da Vó ele era o rei, fazia o que queria, dormia na cama e comia de tudo, inclusive muita comida humana. No último Natal me disseram que estavam tentando cortas as asinhas dele, e inclusive dando uns remédios, e que ele tava ficando muito temperamental e ruinzinho.

Eu falo dele no passado porque Scooby-Doo Mafra morreu semana passada.

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